quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Chove...

“Como nos esvaziamos do próprio sangue, dizia consigo mesma, estou me esvaziando das minhas lágrimas... Lágrimas, negativo fotográfico do sangue. Mesma coisa, no fundo. Derramamento, fluidificação das palavras, do corpo. Liquefação dos ferimentos que não cicatrizam. Se não nos endurecemos, derretemos...”
Noites mal dormidas, banhos de chuva mal tomados, banhos frios de chuveiro, falta de força, cãibras e contrações que me machucam os músculos... Estado nublado de vida, está chovendo lá fora. Está chovendo aqui dentro. Não estou sofrendo, estou vivendo, vivendo intensamente, vivendo essa tristeza. Fortalecendo o corpo fatigado, cuidando da ferida inflamada, cheia de pus. Aos poucos, estou descascando, deixando a pele nova aflorar sobre restos podres. Ao mesmo tempo que tento fugir e me refugiar de ti e talvez de mim, estou tendo que te enfrentar, que lidar com essa necessidade maluca que temos um do outro.
Todo esse filme-vida mergulha  nas poças d’água que estão se formando ao meu redor. Choro pelos meus queridos, choro por quem nem conheço, choro por mim, choro por alguém. Choro com os olhos, choro com os poros do meu corpo, com os furos, choro com os canais que irrigam toda minha estrutura.
Estou cumprindo bem esse lado peixe de minha existência... estou vivendo um mundo submerso, descobrindo um navio naufragado e seus destroços aqui de baixo...
ainda não está na hora de subir...
'As duas Frida'
            citação e imagem de Frida Kahlo, feitas quando ela sentia o mundo como eu o estou sentindo.

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