quinta-feira, 30 de junho de 2011

das cores que já tive, nada mais me resta.

A nega que já foi colorida, anda sem cor. As chitas estão guardadas no fundo do armário, junto com a alegria, o sorriso, a brincadeira, o palhaço, o amor. Sobra-se agora alguém cor de nada, apagado, maior do que queria estar, mais fraca do que poderia estar, mais triste que poderia ser. Não há vontades, não há dança, não há batuques, não há planos.

Apenas lamúrias, olhos caídos, corpo amorfo, pele ressecada, alergias, desânimo...falta de coragem, falta de fé...não há mais crença de que algo vá ficar bem. Nada está bem. Eu não estou bem. Os meus não estão bem. Minha cabeça não está bem....meus pensamentos menos ainda.

Amarga, quieta, chata, feia, infeliz. É assim que tem sido. Assim que me sinto, assim que me dou. Choro, fico tonta de ver o mundo girar, girar e me derrubar.
Quem já se encantou pelas cores, agora nem se importa mais, agora nem nota mais, o quanto dói, o quanto machuca estar na escuridão de um buraco, sem coragem de sair.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

sem título, apenas dor.


Parece que nada mais faz sentido. Não sei onde estou e nem com quem estou. Tenho sentido medo de tudo, de todos, de mim. Não há mais vida, não há mais bem, não há mais saúde. Não tenho mais parentes, não tenho mais cabeça, não penso, não rio, não troco. Apenas choro, apenas dôo, apenas arranco lascas de pele do corpo, buscando na mutilação um conforto imediato. Andar tem sido difícil, carrego meu corpo mancando pelas ruas sujas de sangue e morte. Os dedos incham e não os encosto em mais nada ou ninguém. Um de meus braços caiu do meu tronco, me separou, me flagelou. Sentar já não é possível, falar muito menos. Não confio mais em ninguém. Meus maiores aliados voltaram-se contra mim. Uma ponta de desespero com angústia invade todo o meu quintal, e o céu ficou marrom, sujo, e seco. O que como me intoxica, o que vejo me choca, o que ouço me fere. O que sinto rasga meu peito, fura meus pés, arranca meus cabelos. Escrever é alívio e sacrifício. Escrevo sem coerência, sem correções. Escrevo o que a alma pede. E ponto.

sábado, 11 de junho de 2011

Objetiva


Revivo. Ao ver os espectros, espelhos, reflexos, revivo momentos. Volto a ter 13 anos, às vezes 3...Me vendo, revivendo, vou me significando, me reencontro, sinto, pressinto. Gosto da sensação do olhar. Gosto das cores, das não cores e da sépia. Gosto do abstrato, do desfocado e do borrado. Gosto da falta de foco, do não enquadramento, do ponta cabeça. E de vez em quando gosto do autorretrato. Gosto de ver as combinações e a falta delas. Gosto de ver sorrisos eternizados, chuvas cristalizadas, abraços com tempo de duração ilimitado. Gosto das reações, do susto, do quase, da harmonia. Gosto do bucólico, gosto do inusitado. Gosto do olhar, principalmente do olhar. O olhar de quem fez, o olhar de quem pousou, o olhar de quem pensou, o olhar perdido, o olhar previsível. O olhar fugidio, o olhar sem olhos. Gosto do que é vivo, e que por um descuido de segundos, viverá para sempre. Viverá para ser olhado.