quarta-feira, 18 de maio de 2011

talvez....ou o não dito.

Papéis de chocolate espalhados pela mesa, ladeados por um pacote de rosquinhas, uma garrafa de água e um pacote de passatempo com apenas uma última passatempo. Os dias tem sido tensos.... intensos....In Tensos. Tem dias que se passam como filmes, dramas naturais ...a vida vai se mostrando assim, poética, melancólia, sutil e cheia de detalhes que enriquecem a tristeza. Tem dias que se transformam em pesadelos logo que terminam e dão lugar a noite gélida e angustiante. Tem dias que são sublimados. Até duvido que tenham existido. Tem dias que me fazem transcender, mas esses ocorrem muito vagamente, uma vez por ano. A maioria dos dias nem vejo passar, pois eles correm, são flashes em minha cabeça, em meu corpo, em meus pés. Não sinto a cor, não vejo o cheiro, não cheiro o som e não ouço o sabor. Os dias apenas piscam e se vão...sem volta...deixando a poeira do que não foi resolvido.  Deixando lágrimas empoçadas. Deixando palavras a serem escritas. Deixando abraços por dar.
Os muitos cinzeiros na mesa de centro de madeira maciça, cuidadosamente limpos, me despertaram hoje um quê de poesia. Presentearam-me com uma vontade louca de eternizar o vivido por meio de palavras. A poesia do enquadramento, do preto e branco, dos ornamentos góticos da igreja matriz, me embalaram na tarde ensolarada e chuvosa de lágrimas. Sozinha cheia de poesia, cheia de símbolos que me completaram, cheia de observações da vida que se passa na calçada, das ciganas de saias coloridas, dos picaretas, do palhaço de perna-de-pau atravessando a rua correndo. Poesia cotidiana urbana cigana.
Hoje foi um dos dias-filme – poético, melancólico, sutil e cheio de detalhes....