Nós, pretas
galopamos
bradamos
pisamos
somos diversas
múltiplas
e ao mesmo tempo
UMA
sangramos as mesmas feridas
somos juntamente
excluídas
nosso cabelo não é aceito
nossas formas incomodam
nosso corpo é fetichizado
nossa voz silenciada.
Somos fortes
conectadas e enraizadas
somos amor
cuidamos de nossa terra
nossa água
nossa lua
nossa pélvis
geradora de vida
de poder
de ser.
Giramos e giramos
pra nós
por nós
Não encosta
Não é pra ti
Sai,
que ninguém nos segura
Pois nós,
Pretas
galopamos
bradamos
pisamos.
(KaNêga Santos)
domingo, 29 de novembro de 2015
quarta-feira, 17 de junho de 2015
dosossos.
O momento está tenso. Saturno velho desestruturando estruturas e escorpião escancarando a ferida, a podridão. A terra chama, clama, pede que nos conectamos. A nós mesmos e às força de nossos ancestrais. Conexão que tem sido rechaçada...nossa fé nas forças da natureza, nosso axé, vem sendo apedrejado. Nossa maneira de amar virou fobia, nossa alimentação virou piada. Até nossa forma de ser mulher tem sido condenada...
...os pêlos que tiramos ou mantemos no corpo é vigiado e comentado… nada pode estar fora do lugar
A poesia está dura. O sensível oscila...ora quer se petrificar...ora continua teimando…
do concreto também se brota. .
sexta-feira, 29 de maio de 2015
Cheiro de Lua
A importância do estar só. Estar comigo. Com meu oculto. Com as entranhas. Com as. Lembranças que fluem pelos pontos poros lagos de mim. Do que é da terra e que me completa como terra. Que expande expõem explode. Do fundo do peito esse fruto….
Apodrecer é gerar vidas, espalhar, multiplicar criações, crias. É movimento. Geração. Gestação.
Descobertas cor de ferro cheiro de lua, lua cheia. Terra e água. Que escorre, corre, morre. Jorra e empoça e caminha lentamente. Completando, enchendo, transbordando, vivendo.
A raiz enraizando no lodo terra água. Lama. Ama. La ama. Clama. Ama. Chama. Nana. Nanã. Mama. Pacha. Pachamama.
rio e também posso chorar.
terça-feira, 5 de maio de 2015
poesias de terça cheia de lua
Negra noite
negros olhos
corpos negros
negros
negra vontade
de fundir-me a você
de ti ser
ser
negra
negra noite
negra tua
meia noite
pilarzinho
poesia correndo
solta.
Teu
meu complemento
meu completo
oposto
complementar
lua cheia
não respondo por
mim
solto-me
sou tua
tua completa lua
cabelos enredados
dredados
drenados
lua
minha lua
na tua
vermelha viva
escorrendo
sendo
crendo
lua de mim
os olhos
santos olhos
inocentes
descrentes
correntes
nosso comum
nossas raizes
Nanãs
terra lama charco
cicatrizes
corpos
mandinga
nos olhos
nós
nos
vida
é a cuspidinha na
taça
após a tragada no
cachimbo
tu és sangue
vinho sorvido
tinto
tinindo
tilintando poesia
sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015
Sobre a Lua, a Água e os Vales.
Água que escorre de mim como dessas pedras poderosas.
Águas escuras, âmbar, da cor do centro da terra. Marrom, ferro, ocre.
Água que traz emoções ancestrais.
Água que corre, limpa, lava, preenche, tira, dói e também cura.
Águas escuras, âmbar, da cor do centro da terra. Marrom, ferro, ocre.
Água que traz emoções ancestrais.
Água que corre, limpa, lava, preenche, tira, dói e também cura.
Transbordar de memórias, refazendas, dores, amores, temores. O zero e o não controle. reconectar e aprender tudo de novo. respeitar o silêncio e a solidão. Solitude. Plenitude em estar comigo e com meus transbordamentos, respeitando o estar só e o estar com o outro. Saber a hora de abrir e de fechar. de reconectar e aprofundar as constelações mais entranhadas do meu ser - espírito - mente - corpo - sensações. conexão com minha loba, lua, crua. sangra e jorra o líquido também ocre, marrom, ferroso. sangro como os montes da Chapada. renovando, limpando e expondo o que de mais profundo há nessa mãe - pachamama - mulher - criadora - feminina. Intuições fluindo como o vento da noite que sopra forte fazendo barulho. vento que também vem das pedreiras em conexão com o céu.
Alto e baixo. Cosmos. realidade. Integração.
Sou como uma dessas grandes pedras femininas que carregam o mistério da terra - vida.
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