domingo, 5 de dezembro de 2010

....ainda chove, mas já vejo a ilha.

Engraçado....eu ando agora com um caderninho na bolsa, pra quando bater a vontade, descarregar todas as sensações em formas de palavras escritas. Eu tava lá, sentada naquele banco amarelo, de uma faculdade amarela, com um vestido amarelo....tentando lidar com os tapas na cara recém recebidos. Decidi escrever sobre aquilo, sobre aquele fim, sobre aqueles fins. Na cabeça veio a frase “acabaram-se as linhas do meu caderno. Agora começo a escrever em um novo”. Escrevi e fechei o bloco de notas, para retomá-lo mais tarde. Agora aqui, olhando esse dia cinza chuva mar, abro os escritos, e qual não foi minha surpresa ao ler o que escrevi “APAGARAM-SE as linhas do meu caderno. Agora começo a escrever em um novo”. Como assim? Quem te deu o direito de apagar o que eu queria acabar? Não é justo, não faz sentido. Mas, aconteceu. Ainda to mergulhada aqui embaixo da poça d’aguachoro, e ainda não quero sair. A raiva misturou-se ao medo e ao preto e branco que não quer deixar outras cores invadirem (nem o amarelo). Busco desesperadamente letras, letras que possam me reconstruir, que possam me sustentar, que possam me fazer subir de volta à margem. E as letras que surgem, surgem pra mostrar a realidade na qual estou: água, mar, chuva, barco, ilha. Ilhas-barco, chuvas-mar. O que significa tanta água mesmo?
“Tudo, aliás, é a porta de um mistério
                               Há razões e rasões
                                               Viver é impossível”  (Guimarães Rosa)


“A Ilha Desconhecida fez-se enfim ao mar, à procura de si mesma” (José Saramago)

Um comentário:

  1. Tambem ando com um "segura ideias" na bolsa!
    Mas é isso mesmo, se apagar, para poder desenhar-se. Tornar-se uma tela em branco, pra ai sim colorir novamente.

    bejo bonita!

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