sexta-feira, 12 de novembro de 2010

C'est la vie.

Me peguei emocionada com a profundidade da vida. Já estava deitada, ouvindo Belchior – um álbum de 74 – pensando como seria ser dessa época....o choro veio junto com o gostinho nostálgico, e me dei conta do quanto é bom viver 36 anos depois das gravações daquele disco. As últimas 48 horas (nossa estou numérica hoje) me preencheram com inúmeras recordações e reflexões...da beleza de se sentir abraçado, de tomar champanhe (champagne?) às duas horas da manhã de uma quinta-feira qualquer e morrer de rir, de degustar um Tender natalino no almoço de um quarta-feira fria e úmida. Como é doce relembrar das trocas terapêuticas entre irmãs amigas mães.
Ao mesmo tempo que lembro que nada está  resolvido e que a vida está um caos, teimo também em lembrar da alegria de ter comprado uma saboneteira verde, uma caneca de plástico amarela , um Leminski, dois tomos de Cortiço, a biografia de Freud, quatro metros de chita laranja, amarela, azul (metros de alegria e profundidade, explicaria o dicionário de símbolos), e por fim, um dicionário de francês. Caio na besteira de abrir aleatoriamente uma página e a primeira palavra que leio: Lion.   Leão.leão selvagem.lion hard....L.....Volto ao estado de tristeza e percebo logo em seguida que a vida tem dessas dualidades. Eu estou, sou ou idealizo a felicidade? Ainda não consegui entender bem o sentido de tudo isso, pois logo em seguida eu me lembro que ainda estou sofrendo, e isso dura até a próxima virada de página.
Como foi intenso viver esses últimos quatro dias. Deu tempo até de me sentir como a heroína do momento – Kahlo - e seu par - Rivera. Numa dessas experiências terapêuticas montei um mural (Rivera) cheio de imagens destacadas de revistas. Ao rever toda a composição, percebi muita coisa interior sendo externada ao mundo por meio de fotografias, desenhos publicitários, e imagens criadas por alguém que nem me conhece. Foi então que me senti meio Frida, expressando plasticamente toda a tormenta interna, embebida com muita cor e expressão. O resultado disso foi uma mistura apertada (demonstrando minha necessidade de expansão) com elefantes, uma porta aberta, um casal com máscaras de ferro, o Rio de Janeiro!, um tigre (ou seria um Leão?), um pé chutando uma bola murcha e suja, espalhando areia pelo mural todo. Tudo muito amareloembuscadealegria. Tudo fazendo muito sentido.
Termino meu dia fazendo planos. Planos acadêmico intelectuais, planos para amanhã de manhã. Será que caso ou compro uma bicicleta? Toca Novos Baianos, pra não fugir dos meus nostálgicos sonhos setentistas...água mole em pedra dura, pedra, pedra até que..
Acordei, trabalhei e na volta fui buscar minha bicicleta! Com cestinha, pra carregar meus híbridos, livres livros.

Um comentário:

  1. Bah nega,

    Estava passando por aqui e não tive como conter essa coisa que faz com que a gente se emocione ao ler um pensamento, um texto, uma reflexão...
    Talvez porque ao ler, flash´s desses últimos dias, banhados de música, lagrimas, risos e conversas terapêuticas tenham vindo à minha memória... talvez pela convivência nossa de cada dia, ou porque estou numa vibe um pouco diferente e ao mesmo tempo parecida com a sua... não sei!

    O que sei é que não tive como sair ilesa da profundidade das tuas palavras... a ponto de deixar meu PRIMEIRO COMENTÁRIO EM UM BLOG, aqui, no seu! E olha que eu não sou desapegada do mundo da tecnologia e da comunicação...rsrs.

    Quem sabe eu tome gosto pela coisa e apareça mais vezes por aqui...
    E que a cada dia você possa se sentir mais "meio Frida", ou melhor, "Frida inteira"...rsrs.

    Adoooooooooro!!!

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