quarta-feira, 27 de julho de 2011

Rio de mim

Sensação de nostalgia, que a gente só sente no último dia de viagem, quando os amigos queridos deram o abraço de despedida, quando o sol está se pondo e os carros correm em direção contrária ao táxi que nos leva ao aeroporto. O sol está se pondo, dando um toque a mais na cor de nostalgia impressa nos prédios, ruas e mar. Os pássaros escassos aparecem para dar o voo de despedida e a elegância escrachada da cidade se intensifica, tornando o tchau quase insuportável. O ciclo se fechou, uma nova vida recomeça a partir desse momento. A arte maloqueira das paredes e muros me mostram que a vida é mais do que imagino, mais do que a vivo. “A arte não fala sobre a arte, a arte fala sobre a vida”.
Os dias de caminhante despertaram uma nova noção de vida, de sentido, que havia esquecido, ou nunca soube. Redescobrir-se, reencontrar-se, perceber-se diante do outro, diante das diferenças. A arte da vida, o patchwork de relações, o estar só estando bem, o estar com o outro sendo inteiro.
As ladeiras de Santa Tereza renovaram a arte quase apagada que carrego em mim....O fervor da Lapa me reacendeu a vontade de expandir, de ser e estar. Copacabana retomou minha sensatez, minha vontade de ser sublime, de ser água, de ser mar. O centro me empurrou para a malemolência e a consciência do ser negra, ser bela, ser inteira. A favela, com seus sambas, terreiros, santos, orixás me banharam da energia vital que estava se esvaindo tão intensamente.
Renovada, sigo essa nova caminhada, sozinha, não sozinha, amada, amando. Vivendo.

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