A vida nos leva para caminhos tão confusos. Nos perdemos sem
perceber....e quando nos damos conta, estamos tão longe de onde queríamos
estar, que fica difícil relembrar o
caminho. Reinvenções, trajetórias, mudanças. De repente estou longe daquele
quintal, daquele cantinho seguro com gente amada....e me sinto perdida nesse mundo
cão, mundo de construções, invenções, carreira, dinheiro, loucura, correria. A
gente se perde sem notar. Aí começamos a sentir que não estamos naquele caminho
que a gente queria, pretendia, sonhava. Começa a faltar luz, ficar escuro, com
espinhos, sangue, luto. A gente sofre cada dia um pouco mais, por sentir que
está cada dia mais longe de onde queria. Aí o corpo começa a responder, começa
a pedir arrego, começa a manifestar sua falta de satisfação. Você está perdida,
com medo, sofrendo, sendo empurrada para um lugar onde talvez não queira estar.
Se dá conta que não tá dando conta, não porque não consegue, mas porque não
quer, principalmente porque não faz sentido algum. É um forçar de barra. Um
empurra e não vai. Aí surge o medo de desistir, de mudar, de voltar para onde
queria, de se arrepender.
A vida é uma constante pira, um jogo mesmo. Um estar
e não estar. Um estar perdido constante. É como se não fosse daqui. Como se não
se encaixasse quem eu sou do que eu faço. Me encontro nas cores, nos sons, no movimento
e no tambor. Não me encontro nas discussões, reflexões, letras, palavras,
textos sem fim sem fim sem fim. Na luta pelo melhor, pelo mais eloquente, pelo
mais habilidoso. Ser foda e escrever muito, e saber se comunicar e saber
escrever e saber falar. Aí você pensa em desistir e vem aquele medo medo medo
medo do arrependimento do depois. Do quando não existir mais. Medo da dor não
passar mesmo depois disso tudo. Pois ela pode estar mais interna do que
imaginamos. É um medo sem fim, medo da falta, medo do excesso.